Escasso ar

by - 12 setembro


Por breves momentos prendo todo o ar que aguento dentro de meus pulmões, por mais tempo que consigo, naqueles poucos instantes, é como se nada importasse, como se nada pudesse me chatear, é como se eu ficasse fora do alcance de todos e de tudo, como se criasse um limbo entre eu e o resto do mundo.
É como se por um segundo e apenas por esse segundo eu pudesse sair e correr sem direção, como se o que eu penso ou faço não interferisse em nada nem ninguém, como se nesse segundo, pudesse gritar, tudo o que sinto, vejo e desejo, o mais alto que minhas cordas vocais conseguissem, sem que ninguém reclamasse ou desdenhasse, diminuindo o caos que presencio todos os dias.

Quando inflo meu peito sinto que o limbo que se cria entre mim e o mundo, impede tudo que me aflige, assusta e assombra, é quando sinto e escuto cada turbulência dentro de mim ficar cada vez mais fraca e frágil ficando inexistente.

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