Escasso ar
Por breves momentos prendo todo o ar que aguento dentro de meus pulmões,
por mais tempo que consigo, naqueles poucos instantes, é como se nada importasse,
como se nada pudesse me chatear, é como se eu ficasse fora do alcance de todos
e de tudo, como se criasse um limbo entre eu e o resto do mundo.
É como se por um segundo e apenas por esse segundo eu pudesse sair
e correr sem direção, como se o que eu penso ou faço não interferisse em nada
nem ninguém, como se nesse segundo, pudesse gritar, tudo o que sinto, vejo e
desejo, o mais alto que minhas cordas vocais conseguissem, sem que ninguém
reclamasse ou desdenhasse, diminuindo o caos que presencio todos os dias.
Quando inflo meu peito sinto que o limbo que se cria entre mim e o
mundo, impede tudo que me aflige, assusta e assombra, é quando sinto e escuto
cada turbulência dentro de mim ficar cada vez mais fraca e frágil ficando inexistente.
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