Querida...
Ao fundo havia uma música ruim, a iluminação era fraca e em tom
rosado se não me engano, a letra falava sobre um furão que queria voar ou
voltar, me desculpe mas eu bebi um pouco à mais do que deveria e talvez as
frases não façam tanto sentido para você quando fazem pra mim.
Eu sei que já e madrugada e estou falando com a secretaria eletrônica,
e que você provavelmente está em Chicago, aproveitando o que seria a nossa lua
de mel, olhando a vista e esperando aquele cara, porém, quero que ouça mesmo
assim, eu ainda estou aqui no nosso balcão, comendo aquele amendoim com gosto horrível
que você gostava só porque era verde, estou fazendo o que você dizia experimentando
o menu de entradas, junto com a carta de vinhos, eu não estou pedindo para você
voltar, só estou querendo falar algumas coisas que fui covarde demais naquela
noite em nossa varanda que agora é da Eugenia.
Você foi e será uma grande parte de mim, te carrego no peito todos
os dias, só quero que saiba que, muitas vezes, me impedir de ser eu mesmo para
ser quem você queria que eu fosse e em outras ignorei totalmente que para amar alguém
temos que nos amar primeiro.
Todos aqueles amanheceres ao seu lado me deram maturidade para vir
ao balcão e fazer o mesmo pedido dia após dia, mas isso já não basta, e no começo
do fim desejei tanto o seu mal, mas não me leve a mal, entenda que foi difícil e
que agora já posso caminhar só e deixar que você anda junto a outro alguém.
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