Ternura desbotada

by - 20 julho


Então me sentei e fiquei a ver se desmanchando, vendo tudo tomando direções contrarias com caminhos longos, revendo aqueles, que costumavam dizer que permaneceriam, indo sem muitas explicações ou exigências, mas ali tomando café numa xícara lascada assistindo o meu filme preferido, recordei que caminharíamos quilômetros e quilômetros para se reencontrar se fosse preciso, palavras nossas, ditas em momentos de despedida.
São tantas memórias que precisarei esquecer daqui para frente, com o tempo deixarei todos os costumes que impregnaram em mim, terei que me controlar para não sair correndo, agarrar o telefone a qualquer momento e contar tudo que acabara de acontecer, nem mesmo terei alguém para me confortar e despreocupar com um ‘tudo vai acabar bem, só esperar que mais cedo ou mais tarde tudo se acerta’.
São tantos momentos, tantos planos e tantos sonhos incomuns que irão se perder como o de tantos outros, outros que sempre falávamos que não iríamos fazer igual, iríamos resistir ao tempo, iríamos mostrar que estamos certas quando falamos que íamos nos cuidar, nos aguentar e ficar juntas até depois dos netos.
Agora tudo é saudade, tudo é lembrança e aqui dentro de mim é tristeza e mágoa de não ter a sua companhia no fim da tarde para um caminhar agradável, não lhe ter para festar comigo minhas alegrias ou para escutar meu reclamar.
Olhar para o lado e não encontrar alguém que sempre chamei de especial, de irmã, de melhor amiga, olhar para o infinito de caminhos e não encontrar ninguém, pois você não está mas aqui para mim.
Terei que caminhar só até esbarrar com alguém que possa curar todas as feridas que você abriu em mim, que possa segurar minha mão e me deixar feliz, que me fará sentir bem como nunca antes e que eu possa em fim esquecer tudo o que aconteceu.


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